2020
Se no âmbito da gestão das organizações, nos identificarmos com as ideias simples, mas de grande relevância na atualidade, produzidas por Albert Einstein que referia: “Os problemas com que nos deparamos hoje em dia, não podem ser resolvidos ao mesmo nível de pensamento que tínhamos, quando os criámos” e “ Se queremos resultados diferentes temos que pensar , sentir e agir de modo diferente”. Então nós, como gestores e como responsáveis por fazer acontecer, temos que nos envolver no desafio sistemático de desenvolver novo pensamento, através da identificação, aquisição e maturação de novo conhecimento. Até porque, como dizia também Albert Einstein, “ A mente que se abre a uma nova ideia ( pensamento), jamais regressa ao seu tamanho original”
É neste contexto da necessidade de materializar novo conhecimento nas organizações, que proporcionem as condições para as transformações necessárias ao nível das Lideranças , dos Processos, das Pessoas e da sua Cultura , com vista a se operarem as mudanças que perspetivem sustentabilidade e sucesso nos negócios , que surge como modelo de referência o Pensamento Lean “ Lean tinking”
O conceito “ Lean” tem dezenas de anos e foi desenvolvido e aplicado nos sistemas industriais pela Toyota ( Toyota Procuction System – TPS). Embora com dezenas de anos de caminho percorrido, o conceito Lean tem vindo a transformar-se numa abordagem de filosofia de gestão das Organizações que, quando bem desenvolvido, produz enormes impactos positivos de melhoria nas capacidades, para gerar negócios competitivos e para gerar resultados relevantes em termos económicos e de sustentabilidade.
Estamos perante um modelo com enorme conteúdo de novo conhecimento, ainda insuficientemente explorado pela maioria das organizações PME’s.
Os princípios da filosofia “ Lean Thinking” descritos por (Womack e Jones – 1996 e João Pinto 2008) que poderão servir de referência orientativa e concetual para desenvolvimento de uma intervenção Lean nas Organizações, são:
- Conhecer as Partes Interessadas
- Criar valor sustentável
- Definir cadeia de valor
- Otimizar fluxos contínuos
- Implementar sistema pull
- Melhorar e inovar continuamente
A filosofia Lean promove assim novas crenças, convicções , princípios e metodologias ( novo conhecimento) que se transformam em novos pensamentos e sentimentos. Estes novos pensamentos materializam-se em novas formas de agir, que consolidam novas ações e novos hábitos, obtendo-se assim novas competências, capacidades e valores, ou seja, novos resultados
A gestão Lean (Gestão Magra) é um sistema em que os seus pilares - Liderança, Processos, Pessoas, Cultura - são interdependentes, o que significa que todas as suas funções precisam de estar presentes, para o sistema Lean Thinking se consolidar com sucesso.
Devemos iniciar a jornada Lean pelas mudanças físicas, com o desenvolvimento de metodologias e ferramentas do tipo 5’S, SMED, TPM, Heijunka, kanbam , Kaizen e outras para instalar novos layouts, novos sistemas de produção em fluxo nivelados do tipo pull ( puxar), trabalho padronizado, ação de melhoria continua. Mas no entanto apenas uma parte (20 a 40%) do caminho estará percorrido. Têm de ocorrer também mudanças ao nível das práticas de gestão, da liderança e da cultura
Os restantes 60 a 80% do caminho a percorrer (2ª fase), exigem novos elementos capacitários , para que o projeto Lean seja um sucesso a longo prazo. Podemos talvez dizer que a jornada Lean começa depois do “ Chão de fábrica ter sido organizado”
Elementos como o Trabalho Padrão dos Líderes como motores do sistema, os Controles Visuais, como avaliadores do desempenho de cada processo, a Monitorização Diária de Resultados, como meio de identificar e reagir rapidamente a desvios face ao planeado, a Disciplina, como combustível que aciona o motor que faz com que o sistema de gestão Lean se consolide e se enraíze na cultura da organização, são alguns fatores decisivos para progredir na implementação da 2*ª fase . Se descuidarmos o foco da disciplina, o sistema de gestão Lean tende a entrar rapidamente em perda e a deteriorar-se juntamente com os resultados esperados.
Quando se inicia um processo Lean , uma variedade de problemas , dificuldades e indisponibilidades surgem repentinamente. Se não se dispor de um (a):
- Liderança forte e presente suportada no exemplo
- Visão clara de médio e longo prazo sobre para onde se quer ir e o que se quer ser
- Foco persistente nos processos atuando no “Gemba” ,
- Orientação e foco para os Clientes na satisfação das suas necessidades, expetativas com agilidade e flexibilidade
- Ação sistemática de promoção do princípio, “ Desenvolver Pessoas antes de Fazer Produtos”
- Organização inteligente que aprende e se transforma a todo momento,
a probabilidade de insucesso da jornada Lean é elevada. A ausência deste posicionamento da liderança determina que mais de 80% dos projetos iniciados não têm o sucesso e os resultados planeados não são alcançados
Os princípios do Lean são muito fáceis de entender, mas de complexidade maior em termos de os consolidar nas práticas diárias da Organização.
A Gestão Lean fundamenta-se numa forte capacidade de disciplina, com práticas diárias centradas nos processos, metodologias e ferramentas que se focam em criar e definir a cadeia de valor, na otimização de fluxos e na minimização de recursos, com trabalho padronizado e com uma dinâmica de melhoria e inovação continua. A gestão e cultura Lean emerge à medida que os lideres substituem a mentalidade ( pensamento) de modelos de gestão baseados em conceitos tayloristas e transformam velhos hábitos em novos hábitos, não esquecendo que hábitos relacionados com o trabalho são tão difíceis de mudar como os hábitos pessoais.
Assim, é preciso manter uma vigilância próxima dos novos comportamentos, para evitar que velhos hábitos se reinstalem em processos recém convertidos para uma gestão Lean. Esta circunstância impele-nos para um sistemático reforço positivo do novo e um reforço negativo no velho.
Em síntese pensar Lean consiste:
- Dispor de uma visão global do negócio
- Foco persistente no processo atuando no “ GEMBA” para obter os resultados planeados
- Foco no valor para Cliente e Partes interessadas – minimizar o que não acrescenta valor (desperdício)
- Atividades padronizadas claramente documentadas
- Gestão Visual
- Atividade nivelada referenciada ao Take-Time
- Fluxo puxado - (Pull System) para reduzir Lead Times e para se aproximar do fluxo de uma só peça
- Qualidade na fonte. Autocontrolo – Poka-Yoke
- Liderança com respeito
- Desenvolvimento de Pessoas antes de Desenvolver Produtos
- Desenvolvimento de Pessoas que sabem pensar e refletir, solucionadores de problemas
- Consolidação de uma “ Learning Organization” que promova o Auto-desenvolvimento, o Auto-conhecimento, a Auto-disciplina, a Auto-gestão e o Auto-controle
- Orientação para a gestão e decisão em Equipe, com foco nas Pessoas e no Detalhe
- Monitorização sistemática dos resultados planeados
- Monitorização da resolução dos problemas na origem onde ocorrem
- Promoção de uma Cultura de Melhoria Continua – Kaizen
O desenvolvimento consistente e planeado, com visão de médio e longo prazo destes fundamentos do Lean, representam um elevado potencial de poder transformador das organizações, das suas lideranças e da sustentabilidades dos seus negócios.
Para melhor conduzir e liderar um processo de transformação Lean importa também conhecer os fundamentos e princípios da monitorização de processos de Gestão da Mudança Lean
Consultar documento anexo
Existem 0 comentários